Juntos na Estrada...

Juntos na Estrada...
Viajar é conhecer o passado e o presente...Viajar é adquirir conhecimento sem limites.

Bom Jesus da Lapa/BA

Bom Jesus da Lapa é um município localizado na região oeste do estado da Bahia, situado a 850 km da capital Salvador. As atividades econômicas da cidade estão baseadas na agricultura, comércio, turismo e pesca,  já que a cidade está localizada as margens do Rio São Francisco.
A cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a terceira maior romaria do Brasil, no mês de agosto, conhecida como a romaria do Bom Jesus em que atrai milhares de fiéis todos os anos. O grande diferencial entre Bom Jesus da Lapa e as outras cidades da região são: o morro de calcário, as grutas que lhe conferem um clima místico e suas romarias. Atualmente, o período de maior movimentação vai de junho a janeiro, quando o município recebe 1,5 milhão de visitantes, de acordo com a Prefeitura local. Uma das mais importantes romarias é a da Terra ou das Missões, que começa em julho, quando os peregrinos da região dirigem-se ao santuário. Já a romaria ao Bom Jesus – a maior delas – reúne milhares de pessoas a partir de 20 de julho. A novena começa no dia 28 e tem seu ponto alto no dia 6 de agosto, quando é consagrado o santo padroeiro do município. Fonte:http://www.bomjesusdalapa.org.br)

Na Estrada...

Essa aventura foi programada de um dia para o outro.
Em Abril de 2013 recebi a visita dos meus tios do Rio de Janeiro, Sinval e Rosa que vieram passar alguns dias em Salvador. Tio Sinval sempre gostou de viajar e principalmente conhecer lugares novos. Estávamos conversando uma tarde quando ele me perguntou se eu sabia da distância de Salvador para Bom Jesus da Lapa e em algum momento da conversa comentou sobre a vontade que ele tinha em conhecer a cidade. Não hesitei....acertamos que na manhã seguinte partiríamos para o nosso novo destino.

Logo ao amanhecer abastecemos o carro e partimos na  em direção em direção ao Oeste da Bahia. Iniciamos nossa viagem pela BR-324 e após uma hora de estrada, por volta das 6 h, estávamos em Feira de Santana. Embora tivéssemos diversas rotas para escolher, decidimos seguir pela BR-116 e BR-242.

Abastecendo o Carro em Feira de Santana/BA.


Rota: Salvador - Bom Jesus da Lapa.

Embora eu seja acostumado em trafegar em estradas estaduais e federais, fiquei impressionado com a quantidade de caminhões que por ali trafegavam. Esse fato exigiu bastante atenção. Quanto as rodovias BR-324, BR-116 e BR-242 estavam bem sinalizadas e em bom estado de conservação, mas como em qualquer rodovia nos deparamos com alguns acidentes.

Tráfego na BR-242.

Acidente na BR-242.

As estradas nos reservam, além de acidentes, paisagens cinematográficas. A escolha da BR-242 não foi por acaso, a rodovia atravessa a belíssima Chapada Diamantina. Nas proximidades do município de Palmeiras avistamos bem a frente, as margens da rodovia, o Morro do Pai Inácio com os seus 1.120 metros de altitude. O nome do morro, diz a lenda, refere-se a um feito heroico de Pai Inácio, escravo que namorava às escondidas com a filha do coronel Horácio de Matos. Perseguido pelos capangas do coronel, Pai Inácio teria subido o morro e, sem ter para onde fugir, pulou com um guarda-chuvas aberto. Segundo a tradição popular, o escravo conseguiu sobreviver e escapar pelo vale.  Na altura de Ibotirama/BA deixamos a BR-242 e seguimos pela BA-160 que para nossa infelicidade, estava esquecida pelo Governo da Bahia apresentando péssimo estado de conservação com inúmeros buracos.

Morro do Pai Inácio (BR-242).
Depois de algumas paradas e quase 12 horas de viagem chegamos ao nosso destino....
Em Bom Jesus da Lapa, estacionei o carro na praça principal e o meu tio procurou o local da nossa hospedagem. Após negociar o valor da diária nos instalamos na Pousada Algaroba. O local não poderia ser melhor, pois logo atrás da pousada se encontrava o imponente maciço de calcário de noventa metros de altura, recortado em galerias e grutas.

Praça principal de Bom Jesus da Lapa.

Praça principal de Bom Jesus da Lapa e ao fundo o maciço de calcário.

Vista da pousada Algaroba - Praça principal de Bom Jesus da Lapa.

Ainda no primeiro dia, após um breve descanso, fomos conhecer o Santuário de Bom Jesus. No santuário se encontram várias grutas: a do Bom Jesus com 50 m de comprimento, 15 de largura e 7 de altura, a da Soledade com maior extensão, além outras lindas grutas, porém menores.


De acordo com a página web do santuário, o abrigo foi descoberto em 1691 pelo português Francisco Mendonça Mar, que exercia, como seu pai, a profissão de ourives e pintor. Com vinte e poucos anos de idade, em 1679, chegou a Salvador da Bahia, onde instalou sua própria oficina. Em 1688, foi encarregado de pintar o palácio do Governador Geral do Brasil, em Salvador, mas, ao invés de receber o pagamento, Francisco foi levado à cadeia e cruelmente açoitado. Tocado pela divina graça, reconhecendo a vaidade do mundo, ele aprendeu que a única coisa que vale é a salvação. Distribuindo seus bens, fez-se pobre e, acompanhado de uma imagem do Cristo crucificado, enveredou-se pelo sertão adentro. Caminhou entre tribos de índios antropófagos, passou fome, sofreu o calor do sol.

Uma tarde, depois de vários meses de incessante caminhada, avistou um morro, subiu uma áspera ladeira e, por uma abertura na pedra, penetrou numa gruta. Lá dentro, encontrou uma cavidade ideal para colocar a cruz que levava. Ali, à margem do rio São Francisco, começou uma vida de eremita.

Dedicado à oração e à penitência, o monge logo percebeu que o amor a Deus não pode ser isolado da vida; então começou a trabalhar em favor dos mais necessitados, trazendo para junto de si pobres, doentes, infelizes e aleijados, a fim de servi-los com amor.
No ano de 1702, a pedido do arcebispo da Bahia, dom Sebastião Monteiro de Vide, foi a Salvador preparar-se para o sacerdócio. Estudou durante três anos e, em 1705, foi ordenado padre. Tomando o nome de Padre Francisco da Soledade após a ordenação, voltou à Lapa onde viveu até sua morte, em 1722.



Santuário de Bom Jesus da Lapa.

Gruta de Bom Jesus da Lapa.

Gruta de bom Jesus da Lapa.

Oração ao Senhor Bom Jesus da Lapa.

Ainda no mesmo dia, por volta da 19 h, retornamos para o Santuário e participamos da missa celebrada pelo padre Wieslau Gron. Afinal estávamos na cidade de grande crença católica.

Missa na gruta de Bom Jesus da Lapa.

No segundo dia pela manhã (8 h) decidimos conhecer a cidade. Andamos nas ruas e feiras do centro. Foi uma caminhada agradável, em que constatamos o aspecto rural e urbano em perfeita sintonia.


Conhecendo a cidade de Bom Jesus da Lapa.

Conhecendo a cidade de Bom Jesus da Lapa.


Depois da caminhada retornamos para o santuário. Eu e o tio Sinval decidimos subir os 93 metros de altura do Morro da Lapa. A subida foi difícil, pois na trilha está entre formações rochosas de calcário com muitas pedras escorregadias, além da vegetação de caatinga. Chegamos ao topo após 30 minutos de caminhada. O caminho é íngreme e cansativo, mas a recompensa para os que fazem o percurso é uma linda visão panorâmica de toda a região. No topo do morro está o Cruzeiro e a última estação da Via Sacra. Há também um ponto de apoio, mantido pela prefeitura, para a venda de água mineral e refrigerantes. 


Recomendações



Tio Sinval iniciando a subida do Morro da Lapa.

Tio Sinval - Subida do Morro da Lapa.

Tio Sinval - Subida do Morro da Lapa.

Ponto de apoio.

Cruzeiro do Morro da Lapa.

Última Estação da via Sacra.

Vista do Cruzeiro do Morro da Lapa (ao fundo o "Velho Chico").



Vista do Cruzeiro do Morro da Lapa (ao fundo a ponte e o "Velho Chico").

Descemos o morro pela trilha que descreve a Via Sacra. Essa trilha sem dúvidas é mais fácil de caminhar, pois ao contrário da que realizamos na subida, não possui pedras afiadas e escorregadias. A medida que descíamos encontrávamos os "marcos de localização" que representam as estações da Via Sacra. Chegamos em 20 minutos na base do morro.

Marco de Localização  da Via Sacra - Sexta Estação: Verônica limpa o rosto de Jesus.
Formação de calcário do Morro da Lapa.
Após um breve descanso para tomar uma água, retornamos para o santuário para conhecer a Gruta de Nossa Senhora da Soledade e as demais grutas. 

A Gruta de Nossa Senhora da Soledade, como o próprio nome sugere, é palco de crenças religiosas em nome da santa, cuja imagem ocupa lugar de destaque no altar, seguida por quatro esculturas em bronze, representando os Quatro Evangelistas.


Gruta de Nossa Senhora da Soledade.

Continuamos a nossa visita seguindo o caminho por trás do altar, que estava passando por reforma. Primeiro, a “sala dos milagres”, onde são colocados os ex-votos. Em seguida, a gruta de Santa Luzia, aberta em 1965. A imagem de Santa Luzia está sobre uma estalagmite, a 10 metros de altura, tendo ao fundo um conjunto de estalactites em forma de leque. 


Obras no altar da Gruta de Nossa Senhora da Soledade.


Ex-votos dos romeiros.

Ex-votos dos romeiros.

Ex-votos dos romeiros.

Entrada da Gruta Santa Luzia.

Imagem de Santa Luzia.
No final da manhã, resolvemos procurar um local para almoçar e tomar banho no "Velho Chico". Infelizmente não encontramos um lugar adequado, pois diferente de outras cidades que eu conheci a beira do Rio São Francisco onde a água é cristalina, em Bom Jesus da Lapa é barrenta.

Decidimos então explorar o local, seguimos pela BR-349, atravessamos o rio e logo após a ponte encontramos diversos bares, que embora sejam simples e com pouca infraestrutura é possível apreciar um peixe frito com uma bela vista da cidade de Bom Jesus da Lapa. Permanecemos na beira do "Velho Chico" conversando e apreciando a vista durante quase 2 horas.

Vista do maciço de calcário, ponte e Rio São Francisco.

Rio São Francisco e ao fundo o maciço de calcário.


Tio Sinval. apreciando um tucunaré frito


Novamente em Bom Jesus da Lapa seguimos as informações que o padre Wieslau Gron nos deu na missa do dia anterior. Conhecemos a construção da catedral da cidade (Nossa Senhora do Carmo). Os tijolos utilizados na construção da catedral são provenientes de Monte Carmelo, município do estado de Minas Gerais onde a principal atividade econômica da cidade é a produção de telhas, tijolos. Segundo o padre Wieslau Gron, a ideia é deixar os tijolos a vista sem qualquer acabamento.

Construção da Catedral de Nossa Senhora do Carmo.

Para finalizar o dia decidimos nos despedir do santuário e pedir proteção, pois na manhã seguinte seguiríamos para Salvador passando por Lençóis.

Bom Jesus da Lapa.


No terceiro dia pegamos a estrada novamente, Para não retornar pela BA-160 decidimos ir pela BR-430, seguimos na direção de Tanque Novo, Paramirim e Livramento de Nossa Senhora. A estrada estadual (BA-156), assim como a BA-160, estava repleta de buracos e em péssimo estado de conservação. Finalmente após 4 horas de sofrimento chegamos a cidade de Livramento de Nossa Senhora. 


Rota: Bom Jesus da Lapa - Lençóis - Salvador.

Buracos da rodovia BA-156.

Buracos da rodovia BA-156.


A partir da cidade de Livramento de Nossa Senhora, seguimos pela rodovia BA-148. Foi um grande alívio, pois finalmente estávamos trafegando sem tantos buracos. Ainda à beira da rodovia observamos a belíssima cachoeira Véu de Noiva, que possui 80 metros de altura. Passamos por Rio de Contas e seguimos em direção a Jussiape.


Rodovia BA-148 e a cachoeira Véu de Noiva a frente.



Próximo a Jussiape o asfalto terminou.....após alguns minutos sem cruzar com outros veículos percebemos que erramos o caminho. Analisamos os dados do GPS e decidimos segui a estrada de terra. Passamos por fazendas, riachos e belas paisagens. Depois de muitas dúvidas chegamos novamente na BA-148 (entre as cidades de Abaíra e Piatã).
Chegamos em Piatã as 15 h, almoçamos e seguimos para Lençóis.


Estrada de terra.


Estrada de terra.

Chegamos em Lençóis (Chapada Diamantina) no final da tarde. Como o tio Sinval e tia Rosa já estiveram na cidade em outro momento, ficamos hospedados na pousada que eles já conheciam. Descansamos e depois saímos para curtir uma boa música e comer algo  em um dos barzinhos que funcionam a noite.

Barzinhos de Lençóis.


Ao amanhecer resolvemos sair pra caminhar em uma das diversas trilhas do local. Devido as dores no joelho da tia Rosa, ficou acertado irmos de carro até certo ponto...foi quando surgiu a grande susto.....o carro não saia do lugar...foi como se estivesse com o freio ativado. Desci do carro para verificar e percebi o quanto tivemos sorte naquele momento. Após tantos buracos, o pivô do terminal de direção da roda direita soltou. Como eu estava com a caixa de ferramentas iniciei o reparo imediatamente. Perdemos um tempo precioso, mas depois de resolver o problema, ainda restou tempo tomar um refrescante banho. Caminhamos 10 minutos para conhecer os Caldeirões do Rio Serrano. Esse nome é devido a diversos buracos situados em uma formação rochosa e que lembram panelas borbulhantes. A água gelada aliada as quedas d’água foram uma excelente hidromassagem natural.

Pivô do terminal de direção solto.

Caminhada para o Rio Serrano.

Formação rochosa do Rio Serrano.

Caldeirões do Rio Serrano.

Caldeirões do Rio Serrano.
Após o problema do carro, as belas paisagens do caminho e esse delicioso banho ficou a certeza........Retornar a Chapada Diamantina.

Ficam as Dicas: verificar a manutenção do carro, usar calçados confortáveis, levar máquina fotográfica, usar roupas leves.

Para ver mais fotos de Bom Jesus da Lapa e Lençóis clique na figura abaixo. Boa viagem.