Juntos na Estrada...

Juntos na Estrada...
Viajar é conhecer o passado e o presente...Viajar é adquirir conhecimento sem limites.

Morro de São Paulo/BA

Morro de São Paulo situa-se na Ilha de Tinharé, município de Cairu, estado da Bahia, região conhecida como Costa do Dendê, possui suas raízes históricas no Brasil Colônia. Em 1859 a ilha recebeu a visita da Família Imperial Brasileira e D. Pedro II.

Morro de São Paulo, devido à sua localização geográfica privilegiada, foi cenário de inúmeros ataques de esquadras francesas e holandesas, verdadeira zona franca de corsários e piratarias. Durante o período colonial protegia a chamada "barra falsa da Baía de Todos os Santos", entrada estratégica para o Canal de Itaparica até o Forte de Santo Antônio (atual Farol da Barra). O canal de Tinharé era essencial no escoamento da produção dos principais centros para o abastecimento da capital, Salvador. 


Atualmente suas praias são frequentadas por turistas de todo o Brasil e de outros países. A importância geográfica da ilha durante o período colonial justifica a riqueza de monumentos históricos, hoje protegidos pelo Patrimônio Histórico Nacional. (Fonte: Wikipédia)



Na Estrada...



Estivemos em Morro de São Paulo em Julho de 2013, embora tenha feito anteriormente o trajeto de Salvador a Valença de carro, optamos fazer o trajeto de forma diferente. Tínhamos duas opções: ir direto de Salvador a Morro de São Paulo de catamarã (em torno de 2 horas de viagem) ou atravessar a baia de todos os santos de Ferry-boat, pegar um ônibus e depois um barco ou lancha.

Como a Dani tem facilidade de enjoar, resolvemos escolher a segunda opção.

Começamos a nossa aventura pegando o Ferry-boat no Terminal de São Joaquim (Salvador) e após uma travessia de 45 minutos chegamos, sem problemas, ao terminal de Bom Despacho (Vera Cruz). O mar estava calmo, sem ventania e com o tempo limpo.
O Ferry-boat  funciona das 5 h até às 23 h e custa R$ 3,65 de segunda a sexta e R$ 4,80 aos sábados, domingos e feriados.
A travessia de barco é outra forma de realizar a travessia da Baia de Todos os Santos. O barco parte do Centro Náutico da Bahia (atrás do Mercado Modelo, em Salvador) e a chegada é no Terminal Náutico de Mar Grande (Vera Cruz). Há travessias a partir das 6 h até às 18 h 30 min. A duração da viagem é semelhante a do Ferry-boat.


Eu e Dani no Ferry-boat (Salvador-Itaparica).

Ao chegarmos no Terminal de Bom Despacho pesquisamos a melhor forma de chegar a Valença. Existem três formas (condução) de realizar este trajeto. Optamos em pegar o ônibus, que parte da pequena estação que está logo em seguida à saída do portão de desembarque do Ferry-boat. 
Na pequena estação há guichês de três empresas de ônibus que realizam este trajeto. Compramos as passagens no guichê da empresa Águia Branca (R$ 15,80 cada). O tempo do percurso foi de 1 h 40 min. Ao chegarmos em Valença pegamos um táxi (R$ 10,00) até o porto sobre o Rio Una, conhecido popularmente como Minigula.


No ônibus a caminho de Valença.

No porto "Minigula" pode-se chegar a Morro de São Paulo de duas formas: lanchas rápidas e barcos, que partem diariamente.  Conforme havia dito anteriormente, devido ao enjoo da Dani preferimos ir de "lancha rápida". Em aproximadamente 40 minutos chegamos a Morro de São PauloPagamos R$ 14,00 por pessoa, mas se fossemos de barco seria apenas R$ 6,70.


Dani no Porto Minigula.


Porto de Minigula - Valença/BA.

Recomendo as "lanchas rápidas", pois mesmo com o mar com muitas ondulações, a velocidade das lanchas (em torno de 45 km/h) navegam nas cristas das ondulações e isso reduz o balanço da embarcação. Outro fator é que se tivéssemos optado pelo barco, seria quase 1 hora a mais de viagem.


Eu e a Dani na lancha rápida

Ao desembarcar no Terminal de Morro de São Paulo o turista é recepcionado por diversos guias e "taxistas" que  em busca de uma comissão das pousadas e hotéis, vão sugerir diversas opções de acomodação. Caso não tenha uma reserva de hospedagem e deseje aceitar a sugestão do anfitrião, é bom deixar claro que nada lhe impede de olhar tais acomodações, mas que tudo é sem compromisso. Quanto ao táxi ...embora a entrada de Morro de São Paulo seja uma ladeira, contrate esse serviço somente se o número de bagagens for grande e/ou pesada, pois o restante do percurso é realizado sem problemas.


Terminal marítimo de Morro de São Paulo.

Táxi em Morro de São Paulo/BA.

Logo na saída do Terminal, que é a entrada da cidade de Morro de São Paulo fomos obrigados a pagar uma taxa de R$ 15,00 por pessoa para a prefeitura. Segundo os funcionários, essa taxa é para a preservação do meio ambiente da ilha. 
Embora a ilha aparentemente seja "limpa", andando em alguns lugares "menos turísticos" observei que essa taxa poderia ser melhor aplicada. Como nunca fui de deixar de cobrar os meus direitos, fui na administração e protocolei a minha reclamação.


Lata enterrada na areia da primeira praia.

Aceitando a sugestão de um dos guias, nos hospedamos na pousada Borakay, que está localizada no centro da vila de Morro de São Paulo, a apenas 50 m do mar, com vista para a primeira praia do Morro de São Paulo e apenas a 200 m de distância da segunda praia.


Vista do quarto - Pousada Borakay

A recepção do administrador/proprietário da pousada ("o paulista Marco Zanata") e a hospedagem não poderiam ser melhores: quarto com ar-condicionado, cama box King, chuveiro com água quente, frigobar, acesso Wi-Fi gratuito, restaurante, um dos melhores buffet de café-da-manhã que já provei e recepção 24 horas. Embora os valores das diárias possam variar de acordo com a estação do ano, o senhor Marcos Zanata demonstrou muita flexibilidade ao negociar o preço. Pagamos R$ 90,00 a diária.
As refeições em Morro de São Paulo são salgadas, mas com uma boa caminhada e pesquisa é possível encontrar preços mais acessíveis. 

Vista do quarto - Pousada Borakay.

Vista do quarto - Pousada Borakay.

No primeiro dia resolvemos explorar e conhecer a história da ilha. Dentre os pontos turísticos conhecemos: o Pórtico, que nos recepciona logo na entrada de Morro de São Paulo e a Fortaleza de Tapirandu, que foram construídos no século 17 para evitar invasões holandesas, além de outros importantes monumentos históricos que retratam o passado: a Igreja Nossa Senhora da Luz, construída em 1620, a Biquinha, que há muito tempo era uma fonte por onde jorrava água natural e que de acordo com os antigos moradores, o rápido crescimento urbano do local e a falta de uma disciplina de ocupação da área afetaram os recursos naturais da fonte e hoje, a água que antes era límpida, não tem as mesmas características. Na época em que a fonte ainda era utilizada existia um bebedouro e este já estava em situação precária, tendo inclusive, sido feito um mutirão entre os moradores para restaurar o bebedouro, mas como observado na foto, as ações não foram suficientes para restaurá-la, a Fonte Grande, considerado exemplo de abastecimento de água da época, o Farol, construído em meados do século XVIII e o Casarão que foi construído em 1608, considerada uma das moradias mais antigas da ilha que já hospedou personagens ilustres da História do Brasil, como o imperador D. Pedro II.


Fortaleza de Tapirandu.

Fonte Grande.

Biquinha.
Trilha para o Farol.


Farol.

Vista do Farol e Tiroleza.
Casarão.

Rua e praça em frente ao Casarão.

No segundo dia resolvemos fazer o passeio em volta da ilha de Morro de São Paulo. Foi um verdadeiro tour pelo arquipélago. O valor cobrado para o passeio, devido a baixa estação, foi R$ 60,00 por pessoa, mas com uma boa pechincha pagamos R$ 45,00.  Partimos as 9 h 30 min de Morro de São Paulo (terceira praia), passamos pela Praia do Encanto e navegamos até às Piscinas de Garapuá e Moreré. A parada é de aproximadamente 50 min, que pode ser programada de acordo com a maré, ou com a vontade dos turistas, podendo ser 25 min em cada praia ou o tempo total em uma delas.
Optamos pelo tempo total nas piscinas de Moreré, onde recifes de corais formam piscinas naturais de águas cristalinas e tranquilas no meio do mar, mergulhamos com máscara e snorkel (aluguel R$ 10,00) e observamos uma grande variedade de peixe e corais...Perfeito! 

Partida para o tour no arquipélago.

Partida para o tour no arquipélago.

A parada seguinte foi na Praia da Cueira, em Boipeba, onde está "Seu Guido" que dizem ter deliciosas lagostas. Embora a partir de Cueira o turista tenha a opção de uma caminhada, todos no passeio preferiram seguir de lancha até a praia da Boca da Barra (em Velha Boipeba), onde desfrutamos de um delicioso peixe frito no almoço. 

Praia da Boca da Barra (velha Boipeba).

Praia da Boca da Barra (velha Boipeba).

O retorno foi feito dando a volta na ilha passando por manguezais seguindo pelo Rio do Inferno. O marinheiro da lancha nos informou que o nome do rio é baseado em uma lenda.

Originalmente, como em toda a costa do Brasil, essa região era habitada por índios, sendo que aqui viviam os índios Aimorés. Em 1501, um ano depois da esquadra de Pedro Álvares Cabral chegar a Porto Seguro, Gaspar de Lemos chega a Baía de Todos os Santos e navega boa parte da costa baiana. Mas o primeiro europeu a desembarcar no arquipélago foi Martin Afonso de Souza, em 1531, comandando uma expedição destinada a explorar toda a costa do novo continente.

É esta época que remonta a lenda, sobre o nome do Rio do Inferno, canal que divide as ilhas de Boipeba e Tinharé. Por ser muito raso e de dificílima navegação pelas constante mudanças da localização dos bancos de areia, as embarcações dos portugueses encalhavam, sendo então atacados pelos índios Aimorés, canibais. Devia ser mesmo um terrível inferno!


Rio do Inferno.

Rio do Inferno.


Após 30 minutos navegando pelo Rio do Inferno chegamos a cidade histórica de Cairú, historicamente considerada a segunda cidade do Brasil. 
No terminal marítimo da cidade somos recepcionados por guias locais, que se oferecem e cobram R$ 3,00 por pessoa para apresentar a arquitetura e a história da cidade. O passeio começa com a visita ao convento de Santo Antônio, onde é cobrada outra taxa para manutenção (R$ 2,00) e posteriormente caminhamos pelas ruas da cidade, onde o guia mostra algumas curiosidades das construções, que são inspiração para alguns ditados populares, como por exemplo: " Sem eira, nem beira!".


Igreja de Santo Antônio - Cairú/BA.

Convento de Santo Antônio - Cairú/BA.

Casas sem e com eira e beira.

De Cairu e ainda pelo Rio do Inferno partimos para Morro de São Paulo. Realizamos a última parada em Canavieira, onde há um bar flutuante com um criatório natural de ostras. Pedimos meia porção de ostras cruas (R$ 10,00), mas existem outras opções: ostras gratinadas, peixe e siri. Na parada, que dura cerca de 20 minutos,  ainda é possível dar um prazeroso mergulho no rio.


Dani saboreando ostras na parada de Canavieira.
Siris no criatório natural.


Devido ao tempo e a chuva, chegamos a Morro de São Paulo no começo da noite (18 h). Aconselho levar óculos de sol, protetor solar, toalha e um agasalho para o retorno devido ao forte vento. Embora em alguns lugares aceite cartão de crédito, recomendo levar dinheiro para o almoço e outras despesas extras.


O terceiro dia dedicamos para aproveitar as praias de Morro de São Paulo. As praias de Morro de São Paulo são chamadas por ordem numérica: Primeira Praia, Segunda Praia, Terceira Praia, Quarta Praia e a Praia do Encanto, também chamada de Quinta Praia.


Conforme dito, existem 5 praias. Embora tenhamos curtido todas, vamos citar apenas as praias que passamos mais tempo.



A Segunda Praia de Morro de São Paulo é onde o agito acontece durante o dia e a noite. É nela que estão o maior número de restaurantes, barracas, vendedores ambulantes e pousadas. Desta forma é também onde encontramos o maior número de turistas de Morro de São Paulo. A praia possui águas calmas independente da maré e proporciona um agradabilíssimo banho de mar que quando com maré baixa junto com os corais formam-se as piscinas naturais para os banhistas. Na suas areias é comum ver a prática de esportes como vôlei, futevôlei, futebol e frescobol.


Segunda Praia.

Segunda Praia.



A Quarta Praia é a maior praia de Morro de São Paulo com 8 quilômetros de extensão. Predominando a natureza com longos coqueirais, mangues e a mata atlântica, areia clara e águas calmíssimas onde com facilidade se podem ver os peixes nas piscinas naturais.

A espécie mais comum é a castanheta-das-rochas, píntano, sargento ou sargentinho. Devem o seu nome "sargento" às barras que fazem lembrar a insígnia militar correspondente. Medem, geralmente, de 8 a 15 cm de comprimento, ainda que se reportem espécimes com cerca de 20 cm. Para interagir com os peixes é possível comprar nas piscinas naturais porções de ração (R$ 3,00).


"Sargentos" na Quarta Praia.

"Sargentos" na Quarta Praia.



No final da tarde retornamos para Salvador seguindo a mesma rota da vinda. 
Uma última observação....quanto estiverem desembarcando do Terminal de Valença (Minigula), vocês vão ser recepcionados por carregadores de bagagem. Embora você dispense os serviços, eles vão dizer que é por cortesia.."amizade"....É uma furada! Só permita que eles levem as suas bagagens se for necessário, pois ao chegar no táxi eles vão pedir uma "gorjeta" e caso você se recuse (que é o normal), eles pedirão ao taxista....que por sua vez, ao invés de cobrar R$ 10,00 (mesmo valor da vinda), cobrará um pouco mais. 
A dica é: Negocie o preço antes de contratar o serviço do taxista. Fique atento!


Dani do Ferry-boat (Itaparica-Salvador).

Para ver mais fotos de Morro de São Paulo clique na figura abaixo e boa viagem.